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Braço forte, mão amiga

Na fronteira Norte do Brasil, a segurança fica por conta do Exército Brasileiro. Com o aval da lei complementar 136, de 25 de agosto de 2010, as Forças Armadas têm poder de polícia no extremo do país: podem fazer patrulhamento, revista de pessoas e veículos e prisões em flagrante. Na região amazônica, são 9,7 mil quilômetros sob a proteção do Exército Brasileiro, presente em 24 Pelotões Especiais de Fronteira (PEF), comandados por tenentes. Em toda a Amazônia há 28 mil militares.

O chefe de Operações do Comando Militar da Amazônia (CMA), general Polsin, explica que, além dos PEF, há unidades militares de maior porte em Boa Vista (RR), Manaus (AM), São Gabriel da Cachoeira (AM), Tefé (AM), Tabatinga (AM), Cruzeiro do Sul (AC), Rio Branco (AC) e Porto Velho (RO).

Polsin garante que há muitas dificuldades no trabalho na Amazônia, mas é na fronteira que a situação é crítica. “Nós temos diversos problemas nas nossas fronteiras. Pesca ilegal, tráfico de armas, contrabando, garimpo ilegal, narcotráfico, tráfico de drogas, imigração ilegal, desmatamento, infrações ambientais, piso de postos ilegais, extração ilegal de madeira e tráfico de animais silvestres”, exemplifica. A violência comum nos grandes centros urbanos, comenta Polsin, é um reflexo do que ocorre no extremo Norte do país.

General Polsin explica que o Exército tem poder de polícia

por 150 quilômetros na fronteira do país

Nas pequenas comunidades afastadas que se encontram no meio da selva, o Exército é, muitas vezes, a única presença do Estado. “O tempo todo levamos o nosso braço forte: presença, dissuasão, prontidão; e a mão amiga: que leva vida, saúde e educação para as comunidades mais carentes na Amazônia”, esclarece Polsin.

Em março deste ano, por exemplo, o Exército realizou 1.774 atendimentos médicos e distribuiu 2.953 medicamentos em comunidades pequenas, como em Bonfim, no interior do Amazonas. A Operação Curaretinga IX contou com apoio de outros órgãos, como o Ministério Público Federal (MPF) e a Funai (Fundação Nacional do Índio).

Outro traço da “mão amiga” é o Colégio Militar de Manaus (CMM). Voltado para o ensino de dependentes de militares, a instituição, que impressiona pela grandiosidade no centro da capital, também abre as portas para a comunidade. Por meio de provas, civis concorrem às vagas na unidade. 

Foi o caso de Olivia Cristina Silva, 18 anos. Ela entrou no CMM por meio de concurso de seleção em 2012, quando tinha 12 anos. Feliz com a escolha, a jovem afirma que a escola oferece muito mais do que um bom ensino: há experiências extracurriculares que fortalecem e expandem o conhecimento. Ela – que não é filha de militares – quis ingressar na unidade pela oportunidade de um futuro melhor. Agora, Olivia cogita a possibilidade de seguir a carreira. “Eu penso, depois que eu me formar em medicina, entrar em uma das Forças Armadas”, projeta.

Olivia, 18 anos, entrou no Colégio Militar de Manaus

por meio de concurso, em 2012

O CMM possui 950 alunos presenciais e um diferencial: o ensino a distância (EaD), que atualmente tem 504 estudantes pelo mundo. O comandante da unidade, coronel Marszalek, explica que o colégio militar na capital do Amazonas é o único entre os 13 do Brasil que possui a modalidade. “Os alunos não perdem aquele vínculo, particularmente naqueles lugares em que temos certa carência na área de educação”, destaca.

Entre os 504 alunos, 268 estão em 45 países do exterior – os Estados Unidos abrigam a maior parte, 58 estudantes. Na maioria dos casos, os alunos recebem o material didático e as provas, inclusive, pelo correio. Além das apostilas, são enviados pen-drives; os alunos do EaD ainda têm acesso ao material por meio de um aplicativo de celular. Os estudantes que estão em países com conflitos, com o Irã, porém, seguem um modelo adaptado: as provas são recebidas e enviadas por e-mail por conta da dificuldade do envio e recebimento de correspondências.

O fato de a avaliação ser aplicada, muitas vezes, pelos pais dos alunos, não implica em facilidade de fraudes, assegura Marszalek. O comandante destaca o valor da honestidade, qualidade implícita aos estudantes. “Uma coisa importante que nós temos aqui desde que o aluno entra no colégio é sempre seguir pelos nossos valores, sendo que um dos principais é a honestidade”. De acordo com o coronel, o mesmo princípio é aplicado no ensino presencial. “O aluno aqui faz prova sem fiscalização. Os alunos entram na sala, as provas são distribuídas, o professor tem a opção de ficar ou não na sala, o critério é dele. Partimos do princípio de que não há cola. A partir do momento que há esse tipo de comportamento, o aluno é responsabilizado, normalmente com a expulsão do colégio”, explica.

Uma das operações realizadas pelo Exército na fronteira foi a Ágata: de 14 a 22 de junho de 2016, 4.732 militares foram lotados na atividade que tinha como finalidade o combate a crimes transfronteiriços. Foram apreendidos 4.078 m³ de madeira, 60 quilos de drogas, 123 armas e 29.675 veículos e embarcações foram vistoriados, segundo dados da instituição. 

General Polsin - Combate a crimes ambientais
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